quinta-feira, 19 de junho de 2008

COMIDA FRIA SEMPRE À VONTADE

A cidade de São Paulo é realmente um lugar fascinante e surpreendente. Aqui o inimaginável pode realmente acontecer e o novo sempre tem lugar.
A sua gastronomia, tão famosa, chama a atenção de bocas famintas. Os mais variados restaurantes que se possa imaginar existem nesta cidade. Confesso que não é tarefa fácil escolher um restaurante para comer em meio a tanta variedade.
Há algumas semanas atrás um colega meu de trabalho me sugeriu um restaurante que fica bem próximo do local onde nós trabalhamos. Ele me disse que tinha acabado de voltar do tal restaurante. Afirmou também que comer lá era o mesmo que ficar com mais fome ainda. Explicação que em um primeiro momento eu não consegui entender direito. Eu sei que eu sou lento, não liga! Mas, que aos poucos, conforme ele foi me explicando e contando detalhadamente a sua aventura gastronômica eu comecei a entender melhor.
Neste dia o meu caríssimo colega saiu bem rápido na caça por comida boa para saciar a sua fome na hora do almoço. Ele já tinha frequentado diversos restaurantes da região e sempre dizia que estava cansado do tempero de todos, da falta de variedade destes restaurantes. Foi aí que ele resolveu ir a um restaurante novo para o seu paladar e de nome sugestivo para a resolução do seu problema. Ele foi ao restaurante Temperos Bar.
Chegando lá, ele logo se sentou. Achou o lugar agradável. "Tem até uma televisão, acho que vou demorar, verei os gols da rodada", pensou ele. Olhou o cardápio, não hesitou, e pediu arroz, feijão, bife e salada. Tudo pela bagatela de R$ 6,50. Um preço até que bom para se comer bem. Neste mesmo momento o garçom chegou até a sugerir para ele uma porção de fritas como acompanhamento para o seu banquete. Caso ele quisesse, era só acrescentar mais R$ 0,50. Ele não pensou duas vezes. “Pode trazer a porção sim, garçom”, respondeu ele já salivando.
Um grupo de seis homens que deviam trabalhar em alguma construção por ali, e que também estavam almoçando começou a chamar a atenção do meu colega faminto que aguardava a sua comida. Eles pareciam estar todos nervosos com alguma coisa. Meu colega disse que chegou a imaginar que eles estavam brigando por mais comida. “Nossa, ela deve ser saborosa mesmo”, pensou. Mal sabia ele a verdade e o motivo da briga.
A comida dele demorou 25 minutos contados para vir, mas ela chegou. Ele olhou para ela, estava com uma cara agradável. Deu a primeira garfada com gosto, e foi aí que ele se sentiu como se estivesse em uma sorveteria. A comida estava fria. A tal porção de bata fritas por R$ 0,50, vinha com apenas sete batatinhas minúsculas. Era muito prato para pouca batata. Rapaz!
Percebendo que a comida estava fora dos padrões de tolerância para qualquer ser humano, meu colega chamou o garçom e reclamou: ’Garçom a comida está fria, e cadê a batata'. O garçom calmamente respondeu que tudo aquilo era normal, a comida de lá era assim mesmo. Que era para ele se acalmar. Surpresas de São Paulo, né! Ele insistiu, mas não obteve sucesso. Foi aí que percebeu que seria melhor ir embora para não arranjar uma confusão e estragar ainda mais o seu dia.
Na hora de pagar a conta, mais surpresa. A mulher do caixa disse que o total da refeição que ele nem comeu seria de R$ 8,00. Pensou com ele: 'É hoje o dia'. Cansou-se e começou a falar em tom pouco educado que não deveria pagar é nada pela comida. Que o garçom falou que tudo sairia por R$ 7,00. Que aquele lugar era uma roubada e uma grande fria. A dona do estabelecimento percebendo que ele estava um pouco fora de si. E que aquela confusão estava incentivando outros clientes que também não gostavam de arroz com feijão gelado a pedirem um desconto, rapidamente deu o tal desconto para ele.
A contragosto o meu amigo pagou tudo. Saiu de lá prometendo que nunca mais voltaria ao Temperos Bar.
Neste dia ele percebeu que se tratando de comida nas ruas de São Paulo, o melhor é não inovar e arriscar muito. E também, que a melhor gelada que ainda existe, continua sendo a cerveja.

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